por padre Michel, sx
Minami Miyazaki - Japão
Prezados amigos,
Espero do fundo do meu coração que esta humilde carta possa encontrar vocês com muita paz, saúde e felicidade no Senhor Jesus Cristo.
Gostaria de pedir desculpas por não ter escrito antes, mas esses últimos meses aqui foram corridos para mim. Eu morei em Kumamoto esses dois primeiros anos da minha vida aqui no Japão. Durante este tempo o meu trabalho foi estudar e aprender o japonês. Este é uma língua muito difícil, pois não possui as letras do nosso alfabeto, mas possui letras especiais que se chamam Kanjis. Cada letra desta possui um significado e o número delas são quase cinco mil. Ainda bem que no cotidiano são usadas “somente” duas mil letras, isso quer dizer que tenho que lembrar essas duas mil letras se quero entender o que está escrito. É um processo muito difícil, sem contar que para ajudar a entender o que estas letras especiais, existem mais dois tipos de alfabetos. Um se chama Hiragana e é utilizado para as palavras em japonês, o outro se chama Katakana e é utilizado para palavras estrangeiras. Isso quer dizer que tenho que estudar não somente um alfabeto, mas três de uma só vez. Como podem perceber estes dois anos foram de muita dedicação para aprender bem o japonês.
Ao término destes dois anos, um dos padres que trabalha aqui foi de férias para a Itália, e fui chamado pelos superiores para substituí-lo na paróquia. Por dois meses seguidos, eu morei em sua paróquia sozinho e tive que fazer tudo o que um pároco faz, como missas, sacramentos, escritório, atender as pessoas e outros. Essa experiência foi muito boa para mim, pois me ajudou a exercitar o que eu tinha aprendido, e também me deu chance de ir visitar as pessoas enfermas e levar a Santa Comunhão para elas. Deus nos dá tantas oportunidades maravilhosas na nossa vida para encontrá-lo nas pessoas que mais precisam.
Quando terminei esses dois meses, meus superiores me chamaram para dar um pouco de assistência a outro padre que precisou ir para o hospital fazer uma cirurgia de catarata. Eu fui morar na paróquia deste padre e o ajudei no que necessitava para a sua recuperação. Neste tempo com ele não podia dirigir, nem ler, eu fazia o que era necessário também na paróquia. Aqui também Deus me deu oportunidade de conhecer tantas pessoas. Ao termino deste serviço voltei a Kumamoto. Mas ainda não tive um momento de descanso, meus superiores me destinaram a uma paróquia que fica a 200 quilômetros de Kumamoto, já que eu tinha terminado a escola. Fui então para Minami Miyazaki, onde vivo hoje. O nome Minami quer dizer sul em japonês, quer dizer que a paróquia se situa no sul da cidade. Ainda estou me organizando aqui. As pessoas me receberam muito bem, estou aqui para trabalhar como vigário paroquial, será um trabalho interessante.