Ocasionalmente
pode-se deparar com as palavras “imigrante”,
“emigrante”, “migrante” e perguntar-se a respeito do significado, considerando a
semelhança na composição de ambas. Todas falam da mesma ação, do deslocamento
de pessoas, porém, cada uma expressa esse movimento num sentido específico. Assim,
compreende-se: imigrar como a
entrada num país estranho para nele viver; emigrar,
deixar um país para se estabelecer em um outro; migrar, o movimento de mudar periodicamente, seja num âmbito de uma
região ou de um país para o outro.
Na
data de hoje, 12 de junho, na qual
se comemora o dia dos namorados, acentuada explicitamente nos meios de comunicação,
inicia-se também, talvez com uma abordagem pequena nestes mesmos espaços, a 31ª Semana do Migrante, que se encerrará no dia 19. Traz neste ano como tema de reflexão “Migração e ecologia”, e
o lema “O grito que vem da terra!”,
promovido pelo Serviço Pastoral dos
Migrantes (SPM). A temática se desenvolve em comunhão com a Campanha da
Fraternidade desse ano, refletindo sobre a ecologia numa perspectiva de responsabilidade
do ser humano com a casa comum, o
planeta Terra. A campanha faz o forte apelo à todos para tomar consciência do
cuidado com a vida do planeta, que é a própria vida do homem.
O
desafio que a Semana do Migrante suscita é olhar atualmente a relação existente
entre migração e ecologia, de modo a sensibilizar todo
cidadão para a escuta dos diversos gritos que brotam da terra. Para o
desenvolvimento dessa dinâmica de trabalho se utilizará as reflexões do Papa
Francisco sobre a ecologia, contidos no documento Laudato Si, publicado ano passado. O texto base desta Semana
destaca as palavras de Papa Francisco abordando o reflexo desta ausência de
cuidado com o planeta. Segundo ele (2015, p.37) “É trágico o aumento dos migrantes fugindo da miséria piorada pela
degradação ambiental, que não são reconhecidos como refugiados nas convenções
internacionais e levam o peso de suas vidas abandonadas sem proteção normativa
alguma”. Nesta compreensão, identifica-se as pessoas que migram por causa
das dificuldades de acesso à terra e água, vítimas da migração forçada.
O
texto base apresenta ainda o conceito e a prática do Bem Viver como fundamento
que se orienta pela co-responsabilidade solidária, onde se concebe a natureza
sujeito de direitos. Esta visão implica mudar o modo de pensar e agir, pautando
o bem comum acima dos interesses
individuais, contrariando a essência do capitalismo. Ele continua a afirmar que
“No Bem Viver o valor de uso da
mercadoria está acima do valor de troca, o lucro não é o mais importante. Além
disso, o Bem Viver é importante porque ajuda a pensar a articulação das
intuições que advém das comunidades. O problema é que o capitalismo apregoa o
viver bem, o viver melhor, prometendo o céu através do consumo, tornando o meio
ambiente, nas palavras do Papa Francisco, ‘indefeso ante os interesses do
mercado divinizado, convertido em regra absoluta’ (Laudato Si, 2015, p. 45)”.
O
subsídio conclui ressaltando que a esperança por melhorias para os migrantes e
empobrecidos estão nas lutas por libertação, recordando assim as utopias
presente em toda a América Latina (indígena, da Terra Sem Males, dos imigrantes
pobres, da libertação da escravidão). Também chama atenção de que a dominação
econômica é seguida da dominação cultural, exercida por meio da alienação,
negação do dominado e afirmação do dominador.
O
Serviço Pastoral dos Migrantes- SPM,
é um organismo ligado à CNBB, surgido em 1984 e criado oficialmente em 1986.
Foi inspirado na Campanha da Fraternidade de 1980, onde se refletia o lema “Para onde vais?”, configurando-se numa
interrogação central à todos os migrantes. Objetiva articular e organizar os
migrantes e imigrantes em geral, em nível local e nacional. Tem como missão
promover a defesa e a organização dos diversos grupos de migrantes, nas mais
variadas situações, lutando por uma cidadania plena, universal, na qual os
migrantes sejam tratados com igualdade na diferença.
Que
o nosso coração missionário, imbuídos pelo carisma de São Guido Maria Conforti, faça-nos também sensíveis por meio da
oração e de atitudes à esta realidade que perpassa nossa caminhada!
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