quarta-feira, 20 de julho de 2016

Amigos...

(Giomar Henrique Clemente)

“Gente que sonha junto, gente que brinca, briga, se zanga e perdoa..”
(Pe. Zezinho, Oração por meus amigos)
Gosto desta música que se traduz em oração, ou da oração que se torna música, expressando assim de maneira singular e bonita o dom da amizade. Assim como esta, existe tantas e tantas que falam desta relação, deste encontro na vida do ser humano. Amigos compreendido na profundidade do termo, são pessoas raras que a vida nos presenteia ao longo da caminhada. Digo sempre que são sagrados, dignos de reverência, pois, nos carregam para Deus, quando verdadeiros. Encontrá-los é sempre festa. Abençoado quem os possui.
Sendo presente, não somos nós que escolhemos a princípio. É próprio do presente ser ofertado, ser presenteado, doado, entregue por alguém. A dinâmica do presente nos ajuda a entender o desenvolvimento da amizade, mistério que as palavras não explicam com exatidão. Todo presente ofertado, é presente. Porém, uma vez oferecido, o que se sucede pode ter inúmeras possibilidades. Depende da sensibilidade do destinatário que o recebe. Há aqueles que nem abrem o embrulho, não fazem questão. Há aqueles que abrem e não guardam, não cuidam, deixam em algum ambiente da casa. Não dão importância. Há aqueles que abrem, se alegram e a utilizam da melhor maneira. No entanto, amizade não é objeto. É apenas uma comparação para tentar explicar, que, assim como o presente, a amizade para ser desenvolvida precisa desses dois movimentos: doar e acolher. Parece simples, e na verdade no cotidiano da vida ela flui com naturalidade, e não é assim tão confuso como escrever a respeito. Certamente a vivemos e não percebemos que existe toda uma pedagogia, uma espiritualidade a sua volta. E é bom que assim seja.

Hoje, quarta-feira, 20 de julho, celebra-se o ‘Dia do amigo’. Procurando saber mais a respeito desta comemoração, descobri que existem muitas outras datas estipuladas com este mesmo propósito: celebrar a amizade. Isso mostra que em todos os tempos e lugares da história, os amigos foram e são importantes. É difícil olhar para a vida e tê-los ausente, muito pelo contrário, sempre existem, sempre estão presentes. A origem desta celebração se assenta no evento da chegada do homem à lua, ocorrido na data de hoje em 1969, por meio da nave Apollo 11. A comemoração foi iniciativa do argentino Enrique Ernesto Febraro e pretendeu mostrar para o mundo a importância da união entre as pessoas, cuja força ultrapassa qualquer obstáculo, rompendo fronteiras e distâncias. Na ocasião ele escreveu cerca de 4 mil cartas em diferentes idiomas e endereçou aos amigos do mundo todo. Em Buenos Aires, Argentina, a data ganhou fundamentação legal por meio de um decreto e de lá repercutiu para outras partes do mundo, chegando também ao Brasil.
A amizade carrega em si uma palavra considerada tesouro, chave-mestra, entre outros adjetivos que se pode atribuir: cativar. Me fez recordar o livro do Pe. Giovanni Murazzo (Xaveriano), intitulado Cativa-me. Livro bem oportuno para falar do tema de hoje. No entanto, ‘cativar’ é muito bem trabalhado no pequeno livro de literatura “O pequeno príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry, lançado em 1943. No diálogo dos personagens (o príncipe e a raposa), no capítulo XXI, esta explica que cativar “É uma coisa muito esquecida. Significa ‘criar laços”. A seguir, esclarece, que se tratando do primeiro encontro, ambos são estranhos um ao outro, o que torna a ocasião sem significado: “Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...”.
A riqueza dos amigos é certamente esta. A amizade não é apenas um sentimento, mas vivência encarnada, nutrida pelo encontro. Encontro que permanece mesmo na distância, para aqueles que aprenderam e aprendem o sentido da doação e da acolhida. E vale arriscar criar laços, pois, os laços criados são semente do bem, e o bem é o próprio Reino de Deus acontecendo. Feliz Dia do amigo para todos!!!

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