quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Apenas um cartão...

(Giomar Henrique)

“Como a corça bramindo por águas correntes, assim minha alma está bramindo por ti, ó meu Deus! ” (Sl 42, 2)

Cumprimentos de paz e alegria, gente querida! Feliz 2017!
Adentramos o novo ano com alegria de quem acredita na presença do Deus encarnado em nossa história e por isso faz da caminhada espaço de construção do Reino. No início de todo projeto, empreendimento, sonho, existe uma força motivadora que coloca pessoas em busca do diferente, traduzindo assim na grande novidade. Inebriar-se por esta atração é o elemento fundamental para quem aposta no nascimento do novo, porque o novo deve hospedar-se no coração antes de ser concretizado em ações externas. O ano novo que vivemos traz em si esta oportunidade recheada de possibilidades, competindo-nos esboçar, aperfeiçoar e concretizar os projetos, não somente pessoais, mas também aqueles que promovam a dignidade dos irmãos e irmãs que clamam por mais vida.
O Salmo 42,2 destaca de forma indubitável o aspecto humano tão comum e presente em nossa rotina de vida, especialmente após uma longa andança: a sede. Quem tem sede vai a procura de água, não tem outra alternativa. Vai à fonte buscar, vai ao vizinho pedir, vai ao mercado comprar, faz uma captação da chuva... enfim, encontra modos diverso de saciar esta necessidade. Precisamos da sede, não apenas como necessidade física, mas, como espiritualidade que nos coloca em movimento, para não cairmos na comodidade, no contentamento, na pura aceitação do “o que vir, está bom”. Viver é muito mais que isso. Adotar esta atitude passiva é negligenciar os dons do Divino plantado em cada um de nós. Como cristãos, a responsabilidade de espalhar o Bem em nossa Casa (o mundo inteiro) não é opcional.
O Papa Francisco em sua mensagem para o 50º Dia Mundial da Paz (1º de janeiro de 2017), enfatizou a importância de cultivar a prática da não-violência ativa como estilo de uma política de paz. Nesse propósito desejou que “Sejam a caridade e a não-violência a guiar o modo como nos tratamos uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e internacionais. [...] Desde o nível local e diário até ao nível da ordem mundial, possa a não-violência tornar-se o estilo característico das nossas decisões, dos nossos relacionamentos, das nossas ações, da política em todas as suas formas”. Ele pontuou que o período contemporâneo vivencia uma terrível guerra mundial aos pedaços (guerras em diferentes países e continentes, terrorismo, criminalidade e ataques armados imprevisíveis, abusos sofridos pelos migrantes e as vítimas do tráfico humano, a devastação ambiental). Diante deste cenário, nos alerta que “A violência não é o remédio para o nosso mundo dilacerado. Responder à violência com a violência leva, na melhor das hipóteses, a migrações forçadas e a atrozes sofrimentos, porque grandes quantidades de recursos são destinados a fins militares e subtraídas às exigências do dia-a-dia dos jovens, das famílias em dificuldade, dos idosos, dos doentes, da grande maioria dos habitantes da terra. No pior dos casos, pode levar à morte física e espiritual de muitos, se não mesmo de todos”. O Papa nos convoca enfatizando que ser verdadeiro discípulo de Jesus significa aderir também à sua proposta de não-violência, na qual o amor ao inimigo constitui o núcleo da “revolução cristã”.
A imagem do cartão, que intitula o presente texto, possui três motivações que geram alegria. É verdade que pode existir muitos outros, porém, por hora nos detemos nesses: 1º)- pela simplicidade como veículo de comunicação, carinho e gratidão por quem consideramos com estima e amizade; 2º)- porque podemos elaborar a nosso modo. E a riqueza estar no cuidado e dedicação que percorre todo o seu processo de confecção; 3º)- pela maneira como se entrega, se oferta ao destinatário. Seria estranho um cartão carregado de coisas boas ser entregue de maneira fria, jogado, ou como um ato puramente mecânico, sem vida. Pode acontecer, pois, não é fácil e tão simples como parece. Requer exercício de humanização, proximidade. Porém, podemos e precisamos crescer também nestes pequenos gestos.
São Guido Maria Conforti no encontro com o Crucificado iniciado na infância e cultivado ao longo de sua vida, aprendeu a amar o mundo inteiro, acolhendo o mundo como família, como lar. Como filhos e herdeiros desta missão, somos chamados também a imitá-lo nesta prática do colóquio com o Ressuscitado, o Emanuel chegado no natal, para que assim possamos de fato ser anunciadores do seu infinito amor aos confins do mundo. Que a sede deste encontro possa ser sentida em nossa vida, sobretudo no decorrer desse ano que inicia. No atual contexto, o cartão-vivo de Deus dirigido à todos os povos do mundo, somos nós: eu, você, ele, ela, aquele, e tal. Que possamos abrasar os corações e promover a vida, a paz, o amor, colocando toda nossa criatividade a serviço do Bem. Um abençoado ano para todos nós!!!

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