Certo
dia um grupo de pessoas desejosas de encontrar a Deus e saber como reconhecê-lo
na vida, nas flores, no canto dos pássaros e no brilho das estrelas foi visitar
um monge retirado nas montanhas e tido por todos como santo. Depois de uma viagem
longa, cansativa, mas cheia de esperança, o grupo chegou à cabana do monge: uma
casa simples, pobre, ornada por um pequeno jardim onde estavam floridas várias
rosas. Um dos visitantes falou para o monge: “Um dos motivos de nossa visita
não é distraí-lo da sua intimidade com Deus, nem perturbar o seu silêncio, mas,
simplesmente pedir sua ajuda para podermos chegar a reconhecer Deus em todos os
conhecimentos e coisas do mundo. Sabemos que Deus está escondido, mas como reconhecê-lo?”.
O
monge, sem dizer nada, ofereceu a seus visitantes seu mais belo sorriso. Depois
de tê-los olhado um por um, disse: “Esperem, vou pegar a tesoura para cortar
vários botões de rosa”. Cortou os botões mais belos. Deu um botão à cada um e
depois disse: “Voltem para a cidade”. E a cada um deu uma tarefa. Um deveria
entregar o botão de rosa a um bêbado da calçada; outro, a uma criança da
creche; à própria mãe; a uma pessoa amiga; a uma irmã contemplativa. Depois deveriam
voltar para comentar o que tinha acontecido. Partiram bem alegres com suas
rosas. Depois de alguns dias voltaram para relatar ao monge a experiência da
entrega dos botões de rosas.
Quem
tinha dado sua rosa para o bêbado disse com muita raiva: “Dei a rosa a um
bêbado deitado na calçada. Ele não gostou nem um pouquinho porque o acordei. Olhou-me
de mau humor, disse-me uma ladainha de palavrões que me fizeram ficar vermelho
e jogou-me a rosa na cara”.
Quem
tinha oferecido a rosa a uma criança da creche não estava também muito feliz. “A
minha rosa”, disse, “foi recebida, e depois de um pouco a criança arrancou uma
a uma as pétalas e jogou fora o resto. Fiquei triste. A rosa mereceria um
tratamento melhor”.
Quem
tinha oferecido a rosa à mãe estava sorridente: “Minha mãe acolheu a rosa com
muita alegria. Ficou maravilhada porque, até então, nunca lhe tinha dado uma
rosa. Abraçou-me e beijou-me com carinho. As lágrimas correram soltas no seu
rosto. Comoveu-se e comoveu-me”.
Disse
o outro: “Arranquei uma pétala da rosa, escrevi nela ‘Teresa eu te amo’ e
coloquei-a numa carta e a enviei à minha maior amiga. Não tardou a chegar uma
carta cheia de sentimento de gratidão e de amor. Senti grande comoção e alegria
que não sei explicar”.
Quem
tinha entregado a rosa a uma monja carmelita de clausura estava radiante de
alegria. A irmã recebeu a rosa e começou a louvar e bendizer a Deus por sua
bondade e cantou o Magnificat de todo
o coração.
O
monge escutou silencioso todos esses relatos. Depois recolheu-se em silenciosa
oração e disse: “Meus irmãos, a rosa foi a mesma, a do bêbado, da criança, da
amiga, da mãe, da contemplativa. Cada um leu a mensagem segundo seu coração e
seus olhos. Assim, cada um vê Deus por aquilo que guarda dentro de si, pela
força do seu amor e de sua fé. Deus está onde você sabe enxerga-lo”. E
retirou-se ao silêncio de sua cabana. Os outros voltaram à cidade, ao trabalho,
e daí em diante sentiram viva a presença de Deus em sua vida, em seu dia-a-dia.
Fonte:
SCIADINI, Patrício. À procura de Deus.
São Paulo: Edições Loyola, 1996. p.15-16.
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