Por Francisco Corrêa Moraes
Com. Teologia – Parma – Itália
E-mail: francormort@bol.com.br
Porto de sal das lembranças
Das velhas palhas trançadas
Na rede de um outro riso
Às margens de outra cidade
Ah, os teus sonhos de rio!
(Olho de Boto - Composição: Nilson Chaves e Cristóvam Araújo)
Faço uma experiência nunca antes provada, mas arrisco em compará-la a um banho de igarapé (rio), só faz o “banho” quem tem motivação... E você se lança nas águas desse “rio misterioso” e ao mesmo tempo “amigo”. Nào hesitando em nadar, mergulhar, saltar da “cabeça da ponte” e viver sem reservas esse momento. (Pai d’égua nano!)
Creio que é mais ou menos assim o meu sentir e todos que fazem essa etapa de nossa formação, sabem o quanto é belo. O missonário sabe da importância desse esforço, de se sentir criança outra vez, de se deixar formar, aprendendo com os erros, e a cada dia prova o sentir de que não está sozinho.
Mais do que seres diferentes, somos pessoas normais que como qualquer outra deixou um pouco de espaço na sua vida para acolher o novo. Com disponibilidade para buscar aquilo que Deus tem a oferecer, na simplicidade do dia a dia, na presença da comunidade, na escuta e no apoio das pessoas que apareceram em nosso caminho.
A riqueza de nossa comunidade na perspectiva da universalidade, e no grande anseio de “fazer do mundo uma só família” nos convida a fazer a experiência da vida em comunidade internacional, então desde já partimos para fora de nosso país e cultura, para entrarmos na dinâmica de nossa espiritualidade, numa vivência prática.
E aqui estou em Parma na Itália, em meio a uma comunidade multicultural. Somos 14 estudantes provenientes dos seguintes países: (1) Indonésia, (2) Camarões, (1) México, (1) Burundi, (5) Congo, (1) Itália e (3) Brasil. Além da equipe formativa que é de quatro padres.
Nossa espiritualidade missionária nos convida a fazer esta maravilhosa aventura, e nos desafia a superar todas as fronteiras: geográficas e culturais, nos tornando irmãos de todos. Realizando em nos o sentido mais pleno de ser humano reconhecendo nossas fraquezas e limitações, revelando assim nossa capacidade de crescer.
Já se passaram dois meses, e a sensação é de que foi ontem que eu cheguei aqui! O acolhimento recebido, e a vida na comunidade me deram segurança e coragem, assim em poucos dias me sentia ambientado e sereno. Difícil foi me acostumar com a ideia de estar num lugar que só conhecia através dos escritos, ou seja, dum “cenário” com “figuras” e “personagens”. Aqui encontrei fatos e vestígios que muito me ajudaram a compreender a vida de nossa congregação, bem como reafirmaram minha paixão pela Família Xaveriana.
Parma é um lugar de convergência de nossa espiritualidade missionária, pois aqui está a Casa Mãe da Congregação, onde passam muitos confrades de retorno das missões, ou que aqui buscam tratamentos de saúde, eu os chamo de “heróis e santos” pelo tanto que já se gastaram nas missões, como pelo testemunho de serenidade e oração nessa etapa de sofrimento e esperanças. Além disso, nosso Fundador viveu aqui – o Bem Aventurado Guido Maria Conforti – deixando rastros de sua santidade.
Até agora, muitas foram as oportunidades de conhecer algo de novo por aqui – para alguns pode parecer turismo – mas na verdade todas elas tiveram um sentido muito pessoal, e deste modo fui percorrendo um pouco os passos de nosso fundador, passando por lugares históricos, alguns registrando em fotografias e tantos outros no coração.
Nossas aulas de Língua Italiana iniciaram 26/09, ou seja, tivemos quase um mês para conhecer um pouco desse universo. Outra maneira de auxílio à nossa Inculturação se dá no empenho pastoral junto às comunidades. Estou na Paróquia da Transfiguração e acompanho um grupo de jovens, vou a um Grupo Escolar na Villa Ghidini (muito parecido com a “pastoral do menor” lá ajudamos a fazer os exercícios da escola e juntos praticamos alguns esportes), e Ajudo um Grupo de Lectio Divina, formado por casais. Vejo em todos esses empenhos oportunidades valiosíssimas de partilhas, e sobretudo de aprendizado.
Caminhos foram abertos e me deixei guiar pelo Santo Espírito de Deus, que conduz nossa vida abrindo o nosso coração na simplicidade e deixando Deus conduzir nossos passos, pelos caminhos que Ele deseja, não nos nossos, mas naqueles que Ele nos levar... na simplicidade, na ternura, na paciência em Deus.
Renovamos deste modo, nosso compromisso de rezar uns pelos outros!
Aos pés da estátua do Fundador - Dom Guido Maria Conforti
Comunidade de Teologia de Parma - Itália
Comunidade da Casa Madre - Parma - Itália